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14 abril 2007

miméticos & micróbios


O Ofício de Viver
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“A poesia começa quando um idiota diz, a respeito do mar: “Parece azeite”. Não é, de fato, uma descrição exata de um mar bonançoso, mas o prazer de ter descoberto a semelhança, a exatidão de um liame misterioso, a necessidade de se gritar aos quatro ventos que de tal nos apercebemos.
No entanto, é igualmente idiota determos-nos aqui. Começada assim a poesia, é preciso terminá-la e compor uma narrativa rica de nexos e que equivalha a um juízo de valor. Esta seria a poesia-tipo, a idéia. Mas , habitualmente, as obras são feitas de sentimentos – a exata descrição da bonança – a que, de vez em quando, espumejam em descobertas de relações. Pode ser que a poesia-tipo, seja irreal e que – tal como nós vivemos também de micróbios – o que até agora foi feito seja constituído por simples pedaços miméticos (sentimentos), por pensamentos (lógica) e por nexos mal esboçados ( poesia). Uma combinação mais absoluta seria talvez irrespirável e idiota.”

Cesare Pavese (Diário)
os grifos são meus.
Micróbios X pedaços miméticos.
temas para refletir



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