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29 junho 2007
28 junho 2007
Escritas virtuais
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Sobre o lápis...
Escritos à lápis
O lápis é uma semente inventada
Que se arrefece de espaços, em
Seus escuros fundos de solidão.
Como se todas as folhas brancas
Acordassem nas luas de suas curvas,
No leve e abstrato correr de sua fala.
A palavra é o fruto, puramente consumido
Deste lento existir.
Jugioli
Escritos na música
Escritos na música
Remar
É prender e soltar o ar...
Soltar... e sonhar,
Assim os foles dos pulmões
Começam a respirar,
E assim, refazem-se
De outras e outras melodias.
Crescendo e indo, nos rumos
Incertos de suas vagas.
Deixando-se levar por seus
Veludos,
Como quem alisa
A cortina da noite.
poema (Jugioli)
.
25 junho 2007
Sobre os rios
Do rio que tudo arrasta
se diz que é violento,
mas ninguém diz violentas
as margens que o comprimem.
(Bertold Brecht)
..
24 junho 2007
22 junho 2007
21 junho 2007
Bactérias poéticas 3
88888888888888888888888
O Poema
Um poema cresce inseguramente
Na confusão da carne.
Sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
Talvez como sangue
Ou sombra de sangue pelos canais do ser.
Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
Ou os bagos de uva de onde nascem
As raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
Do nosso amor,
Rios, a grande paz exterior das coisas,
Folhas dormindo o silêncio
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.
E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
Invade as casas deitadas nas noites
E as luzes e as trevas em volta da mesa
E a força sustida das coisas
E a redonda e livre harmonia do mundo.
-Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
- E o poema faz-se contra a carne e o tempo.
Herberto Helder in Poesia Toda
Um poema cresce inseguramente
Na confusão da carne.
Sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
Talvez como sangue
Ou sombra de sangue pelos canais do ser.
Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
Ou os bagos de uva de onde nascem
As raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
Do nosso amor,
Rios, a grande paz exterior das coisas,
Folhas dormindo o silêncio
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.
E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
Invade as casas deitadas nas noites
E as luzes e as trevas em volta da mesa
E a força sustida das coisas
E a redonda e livre harmonia do mundo.
-Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
- E o poema faz-se contra a carne e o tempo.
Herberto Helder in Poesia Toda
In Natura... citações
888888888888888888888888888888888888
Clarice Lispector
O que me tranqüiliza
É que tudo o que existe
Existe com a precisão
Absoluta.
O que for do tamanho
de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma
fração de milímetro
além do tamanho de uma
cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão
Pena é que a maior parte
Do que existe
Com essa exatidão
Nos é tecnicamente invisível.
O Bom é que a verdade
Chega a nós
Como um sentido secreto das coisas, e
Nós terminamos adivinhando
Confusos,
A perfeição.
O que me tranqüiliza
É que tudo o que existe
Existe com a precisão
Absoluta.
O que for do tamanho
de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma
fração de milímetro
além do tamanho de uma
cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão
Pena é que a maior parte
Do que existe
Com essa exatidão
Nos é tecnicamente invisível.
O Bom é que a verdade
Chega a nós
Como um sentido secreto das coisas, e
Nós terminamos adivinhando
Confusos,
A perfeição.
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18 junho 2007
Manuscritos
O lugar da Casa
Uma casa que fosse um areal
Deserto, que nem casa fosse;
Só um lugar
Onde o lume foi acesso, e à sua roda
Se sentou a alegria; e aqueceu
As mãos, e partiu porque
Tinha um destino:
Crescer como árvore,
Resistir ao vento,
Ao rigor da invernia.
A certa manhã sentir os passos de abril
Ou ,quem sabe?, a floração dos ramos,
E de novo estremecem
Com o repentino canto da cotovia.
(Eugênio de Andrade)
Uma casa que fosse um areal
Deserto, que nem casa fosse;
Só um lugar
Onde o lume foi acesso, e à sua roda
Se sentou a alegria; e aqueceu
As mãos, e partiu porque
Tinha um destino:
Crescer como árvore,
Resistir ao vento,
Ao rigor da invernia.
A certa manhã sentir os passos de abril
Ou ,quem sabe?, a floração dos ramos,
E de novo estremecem
Com o repentino canto da cotovia.
(Eugênio de Andrade)
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Diários
palavras soltas do tempo
palavras presas nas teias dos ventos
palavras
.....................................
Testamento
Testamento
Maria Helena Vieira da Silva
Um azul cerúleo para voar alto.
Um azul cobalto para a felicidade.
Um azul ultramarino para estimular o espírito.
Um vermelhão para o sangue circular alegremente.
Um verde musgo para apaziguar os nervos.
Um amarelo ouro: riqueza.
Um violeta cobalto para o sonho.
Um garança para deixar ouvir o violoncelo.
Um amarelo barife: ficção científica e brilho; resplendor.
Um ocre amarelo para aceitar a terra.
Um verde veronese para a memória da primavera.
Um anil para poder afinar o espírito com a tempestade.
Um laranja para exercitar a visão de um limoeiro ao longe.
Um amarelo limão para o encanto.
Um branco puro: pureza.
Terra de siena natural: a transmutação do ouro.
Um preto sumptuoso para ver Ticiano.
Um terra de sombra natural para aceitar melhor
A melancolia negra.
Um terra de siena queimada para o sentimento
De duração.
Maria-Helena Vieira da Silva
(1908-1992)
Maria Helena Vieira da Silva
Um azul cerúleo para voar alto.
Um azul cobalto para a felicidade.
Um azul ultramarino para estimular o espírito.
Um vermelhão para o sangue circular alegremente.
Um verde musgo para apaziguar os nervos.
Um amarelo ouro: riqueza.
Um violeta cobalto para o sonho.
Um garança para deixar ouvir o violoncelo.
Um amarelo barife: ficção científica e brilho; resplendor.
Um ocre amarelo para aceitar a terra.
Um verde veronese para a memória da primavera.
Um anil para poder afinar o espírito com a tempestade.
Um laranja para exercitar a visão de um limoeiro ao longe.
Um amarelo limão para o encanto.
Um branco puro: pureza.
Terra de siena natural: a transmutação do ouro.
Um preto sumptuoso para ver Ticiano.
Um terra de sombra natural para aceitar melhor
A melancolia negra.
Um terra de siena queimada para o sentimento
De duração.
Maria-Helena Vieira da Silva
(1908-1992)
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