Pertencer
Encontro uma mesa para tomar meu café, e de algum modo este sentimento de pertencer surgiu, inicialmente aqui, olhando todos com a mesma necessidade que eu. Abri meu computador, hoje leve e fácil como uma pluma. Tira-se da bolsa, como um espelhinho mágico para corrigir a maquiagem. Bom parar um pouco à tarde, o ritmo que a vida cotidiana nos impõe, me faz sentir como uma espécie de água-viva , em uma panela de pressão, e parar é como sentir o vento e a aragem de uma linda tarde de verão.
Hoje, somos o que clicamos, vamos deixando nossos rastros deste “pertencer” pendurados nestes percursos virtuais. Nestes últimos anos, incorporei esse jeito de fazer amigos, uma espécie de nova comunidade, como um clube, uma associação, neste entregar-se na solidão de cada um. Conhecer seu mundos em espaços virtuais, . Sou feliz de pertencer a essa nova maneira de fazer amigos. E, como todo amigo, precisamos alimentar a amizade, dar os devidos elogios, ou puxões no tapete,, sorrir e chorar. Aprendi muita coisa... boas leituras, piadas engraçadas. Mundos diversos. Conto com eles, e eles contam comigo, nada mais feliz que uma troca construtiva.
Pertencer carrega essa possibilidade, como se fosse me dando a medida do que eu entrego e recebo. Então pertencer é uma forma de viver nesta conexão. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto, até descobrir onde a água é mais abundante.
Desculpem minhas divagações enquanto espero o meu café, que demora. O local está mesmo lotado.
Gostaria de ser livre. Mas ainda não consegui. Está é a verdade. Este fato não me preocupa. Apenas me entristece. E entristece-me porque, não rara vezes, sinto a solidão rondar o mundo, e compilamos uma dificuldade com outra. Somos seres consumistas deste pertencer. E o consumo, ora desenfreado, ora controlado, devora-me a cada instante.
Sei apreciar o silêncio. Porque? Porque nele encontro minhas diferenças. E, desta mesa onde escrevo, ouço a tv, super moderna, imagem estonteante, como sua forma de me entristecer, nesses mistérios negros do cotidiano. Comparo a um espelho do céu, que me agita ainda mais as águas deste oceano, e assim sinto-me incompleta na minha perene esperança.
Onde fui agora, não sei.... resta-me tomar o café, e desejar.que a memória erosiva não me apague e me torne indiferente a tantas desgraças deste mundo.
JU Gioli
Postagem para o Ecological day
aprecie e increva-se aqui no site
para falar e pensar na natureza
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10 comentários:
Olá Ju,
Sou assim, preciso e gosto de falar, e as vezes esqueço que talvez não queiram ouvir, me perdoe mas sou assim...Acabei de ler seu texto e continuei com as tuas palavras na minha mente, deixei tua página aberta, a música continuava...abri a janela da sala...fui até acozinha pegar uma café, mas tina acabado vou precisar fazer outro..voltei até a sacada peguei meu gato olhei pra esse mundão de concreto que me cerca..ai o sol..adoro o sol que esquenta o corpo.. outono..é quente, mas tem o vento e esse esfria a alma e trás lembranças.
Minha filha desenha sentada no chão...ainda não coloquei a água prá ferver..continuo aqui ouvindo a tua música. Nossa gostei muito...acho que é assim, não sei.
beijos,
Selena
Mundos que se cruzam neste espelho mágico que é a blogosfera. Paramos, penetramos no universo de alguém e partimos...para outro continente, deixando um pouco de nós e levando um bocado do outro. E o passeio continua!
Um grande beijo.
Foi muito bom passear com você em suas divagações sobre coisas, sentimentos, e impressões.
Obrigada pelas palavras, eu também gosto de apreciar o silêncio pois é nele que me encontro.
Obrigada pela postagem para o Ecological Day. Sonia e eu agradecemos sua atenção de sempre.
Beijos.
Bom demais estender os dedos para o teclado, alcançar o mundo, e perceber que não se está tão sozinho... Até mesmo em nossas divagações... Ainda que virtualmente, finalmente podemos interagir com o mundo, e até tentar mudá-lo para melhor.
Brindo com café à amizade virtual.
Apaixonei-me pela monotipia e grafite sobre papel. Amei as interferências.
Ainda não sei se me sobrará um tempinho para participar da blogagem coletiva. Se for possível, é claro que o farei.
Bjs, ju, e inté!
A vida consiste em consumir o corpo (para desespero da alma).
:-)
:-(
JURACY
Estou até meio emocionado com o que aqui me deu a ler!
Diz já perto do fim que, não sabia onde chegou...
Eu digo-lhe minha amiga: chegou por exemplo a este cantinho, cá do outro lado do Oceano, onde estão os irmãos portugueses que vivem e sentem como você o mundo que nos rodeia.
Não sei bem como dizer... mas ouve um momento em que foi como se eu estivesse sentado a seu lado nesse cafézinho da TV super moderna que incomoda, escutando a Ju com a atenção de um amigo de verdade.
Obrigado por isso e também por me ter vistado.
Bjs
G.J.
Oi Ju, obrigado por passar no meu blog antes de mais nada. Gostei de ler sobres suas "divagações" acho que me coloquei no seu lugar pois as vezes eu faço isso tbm rs. Mas o melhor foi que lendo a sensação de estar nesse mesmo lugar, nesse mesmo momento e tomando um café contigo foi contagiante. Beijos
Virtual e real, duas realidades que se cruzam, se afastam, se tocam...
Me impressiona também essa sensação de estar ao mesmo tempo ao lado e distante...
Interessantes estas suas divagações, Ju.
Beijos e obrigada pela sua participação, sempre criativa.
Estou recém chegada à esse mundo e sinto assim, como se pudesse visitar a casa das pessoas via internet, de maneira mais rápida e confortável, ainda estou me adaptando a fazer amigos assim, mas já tenho boas experiências. Gostei desse mundo, como gosto do anterior. Bjs.
Oi Ju,
Que texto... real, escrito com a beleza e a leveza que descubro em voce! Parabens!
Obrigada pelo seu comentário no Café com Poesia que muito apreciei. Só hoje estou lendo os textos da blogagem porque meu pc estava com virus que não entende nada de ecologia rs!
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