@ Dis-cursos






Translate



12 junho 2009

Modos de ver a Arte

A Pintura em Tempos de Urgência: Alguns traços da cena Artística


Por: Sergio Fingermann

Onde está o artista?
Onde está a arte?
Que ventos respiramos no presente?

Desde o Renascimento, até o fim da modernidade, não houve alterações muito significativas na maneira como o público via a arte.
Podemos mesmo afirmar que durante séculos, viu-se a pintura de forma bastante parecida.
Quando a imagem era apresentada como obra de arte, o modo como as pessoas olhavam para ela era condicionado por uma série de pressupostos adquiridos sobre e com a própria arte:

Beleza
Gosto,
Forma,
Civilização.

A técnica da perspectiva tinha organizado o campo visual.
O espectador era o centro do mundo.
O olhar do observador era uma espécie de farol, um feixe luminoso.
O mundo visível era organizado pela técnica da perspectiva.
Eram variados os gêneros de pintura: temas religiosos, retratos, naturezas-mortas, paisagens, temas históricos.
Isso durou séculos.
Alterações profundas começaram a ser observadas a partir da invenção da fotografia e do cinema.
Modificou-se, a partir daí, como os homens podiam ver todas as coisas.
O cinema mostrou que não existe só um lugar, um centro, de onde se vê todas as coisas.
A pintura foi atingida nesse momento.
Modificou-se.
O visível passou a significar algo muito diferente.
Isso trouxe novos entendimentos para a pintura.

No Impressionismo, aquilo que era visível já não surgia pela forma.
O visível tornou-se embaçado, fugidio.
No cubismo, o visível tornou-se a totalidade das visões possíveis.
Diversos pontos de vistas superpostos.
A máquina possibilitou o surgimento de aparências momentâneas.
Fixou instantes.
Fomos esclarecidos de que a noção de tempo é inseparável de experiência do visível.
A pintura, que até então tinha a singularidade de pertencer a um determinado lugar ou espaço e que nunca podia ser vista em dois locais ao mesmo tempo, modifica-se e fragmenta-se em muitos significados, através de todas as possibilidades de reprodução.
.
texto extraído da Revista Arte e Psicanálise

6 comentários:

Elma Carneiro disse...

Ju Jioli
“O espectador era o centro do mundo”.
Assim como o artista que era visto da mesma forma.
Ainda bem que esse espetáculo acabou e para o mundo moderno, os conceitos mudaram.
Hoje o grande espetáculo é a arte nascida da criação e independente de tema.
Ótima escolha do texto que condiz ao meu modo de ver e sentir a arte, razão pelo qual tenho voltado ao início do século XX para buscar as origens dessas mudanças que hoje são aplicadas na contemporaneidade, para expor no meu espaço de arte.
Um ótimo final de semana.
Bjs

Anônimo disse...

É sempre bom fazer a PSICANÁLISE da ARTE! rsrsr

Jorge Pinheiro disse...

Muito interessante. Pessoalmente nunca tinha pensado nisso.

Silvares disse...

esse post dá pano para mangas, como se diz em Portugal (não sei se no Brasil utilizam a mesma expressão)
:-)

Anônimo disse...

Ju, eu queria muito esse texto. obrigado! mas ele está inteiro? bjs paulo

Maria Augusta disse...

Depois que surgiram a fotografia e o cinema, a arte perdeu a primazia de reproduzir o "objeto" e teve que buscar outros formas de expressão, abrindo um leque imenso de possibilidades...e principalmente a "leitura" da arte teve que ser completamente reconsiderada.
Texto muito interessante, Ju.
Um grande beijo para você.

@@@@@@ Blogs



Anotações diárias