O Natal se apropria de nós, como um lugar geográfico, onde depositamos nossas emoções e anseios: nossos conhecimentos e fidelidades.
E, como quem já o conhece, sabe descrever suas cores, gosto e sabor. Um lugar que se consuma, e, portanto, parece natural que cada um carregue consigo a sua própria e exclusiva bagagem, por saber interiormente o que nela contêm, ou poderá ser acrescentado.
Gostaria de entender. Será que nos faz mais humanos, ou não serve para nada aquele super gasto e preocupação de presentes à ceia, para uma família que se sente apenas “obrigada” a inserir na sua agenda dia tão chato!!!!!
Acredito: - deve servir para alguma coisa, ora à saúde mental, ora a educação das crianças em acreditar neste “papai noel” que traz presentes.
Nossos investimentos passionais estão pendurados nestes gestos simbólicos de temperar a “ceia” e beber o vinho, porque como geografia de um lugar, trata-se de acrescentar sempre, e a cada ano, uma nova particularíssima fantasia, que elegemos como nossa, como um brinde de champanhe às nossas úteis ilusões tecidas ao longo deste tempo.
Faz entender, acredito eu, como a totalidade de nossas experiências, que se estruturam nestes gestos de participação, podem se manter neles como continuidade, deste lado mais humano que há em cada um de nós, acredite-se ou não em natal.
Se o natal mantêm em exercício, antes de tudo, a emoção como patrimônio coletivo, tornando-nos mais humanos e sensíveis, eu acredito neste lugar, onde se cria essa identidade comunitária, e continua a inspirar um “ marketing” próprio, com a cara de nossa modernidade ontologicamente diversa das que nossos pais acreditaram, e da qual estamos dispostos a transgredir e incluir novas idéias.
Construímos esse acesso flutuante da tradição, hospedando nossos sentimentos, de estatutos precisos, de diversas e novas espessuras, mas construímos e estamos espalhando por aí suas sementes.
Feliz Natal!!!!!!
texto: JU Gioli
5 comentários:
Bom TEXTO, Jura,
Bom NATAL e um ótimo 2010!
Bjs
Um texto excelente. O Natal fica bem escalpelizado. Acrescentaria que tal como no passado se imolavam borregos ou touros em momentos sacrificiais, agora emola-se no altar do consumo, o que está muito mais de acorda com a crise e a defesa dos postos de trabalho.
Boas Festas.
Olá Ju,
Esse ano vou passar na casa de meus pais, como quase todos os anos. Lá reunem-se os filhos, os genros, os netos, a bisneta e os sobrinhos e qualquer um que queria compartilhar da reunião de uma família que preserva o espirito do Natal.
Enquanto as mulheres preparam a ceia, os homens colocam a conversa em dia... (eu sou sempre a mais folgada, moro mais longe e acabo chegando quando tudo está praticamente pronto, não tem cobranças além da demora em nos reunirmos mais rapidamnete).
Claro que o papai vai dar um monte de palpites nos assados e certamente meu marido vai ficar roubando os recheios das aves...S mamãe vai expulsá-los da cozinha, o que não significa absolutamente nada..então como já sabemos faremos mais de tudo um pouco...cuidaremos das crianças, que estarão ansiosas e apressadas em não perder o precioso tempo de brincar e que os ânimos dos adultos fiquem serenos com toda aquela agitação.
Presentes se tiver serão poucos..os inevitáveis ..a ideia é a união, colocar o papo em dia, reorganizar os sentimentos que inspiram amor...uma tradição que foi esquecida e consumida pelo monstro do próprio consumismo.
Hoje já é quase véspera e as crianças estão felizes, nesse ano não criamos expectativas...as coisas caminham com tranquilidade e assim deve ser. Que nossos dias sejam de volta com o primeiro espirito com que o entendiamos que foi concebido, que nossos filhos saibam e não esqueçam disso.
Que as compras, presentes e ostentações materiais não ocupem o lugar que não lhes cabe.
Beijos e Feliz Natal!!!!!! felicidades para toda sua família e beijos no neto.
Que ótima surpresa este blog. Arte e texto de fino trato. Cheguei aqui pelas mãos de minha amiga Lina Faria e já virei seguidor. Bom ano pra vc, Jura.
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