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27 dezembro 2008

What is art??

Sobre Arte


Ententer o que é arte é uma das tarefas daqueles que se entregam a esse ofício. Ao meu ver, arte é entrega, dedicação. Entrega, no sentido do que é mais íntimo e subjetivo e pertencente a alma. O que define um artista, senão esta sua possibilidade de gôsto e prazer pela vida, incluindo todas as suas angústias e indagações, e o quanto ele reflete sobre seus conteúdos.
Sabemos que Michelângelo foi um genio mas porque o foi? Eu acredito que ele o fez por amar a vida. O quanto desta porção está em seu trabalho, nesta entrega. O “ser” artista está saber entregar-se e, no que de sua personalidade faz de mais autêntico.
Autêntico e sincero, no sentido de intuir uma emoção verdadeira, criativa e inteira naquilo que se faz, mas não é apenas a emoção que move todo um sonho, essa autenticidade está em agir , na ação de levantar o pincel e construir.

Arte é vida amorosa em estado permanente de paixão ,que se prolonga em afetos e desafetos, em razões e argumentos a este amante incrustado de exigências.
Há artistas que gostam do que fazem, mas há os que amam, se apaixonam e morrem por seu amor. E arte é movida por esta busca, saber-s e encontrar dentro de si esse algo verdadeiro, puro, essencial e só seu.

Arte não é apenas o que se vê em museus, galerias, vitrines. Arte é este amor que se lapida toda manhã, que se coloca naquilo que se faz e o diferencia, porque arte é um amante exigente, precisa de vocação e empenho, liberdade de ser e sentir, é sempre sútil e delicada, porque não é técnica ou aprimoramente, não é racional no sentido apenas do pensamento, mas é sempre algo que existe nos meandros de nossa personalidade e nos alimenta, e se manifesta como autenticidade.

E, desta autenticidade, creio eu, que se faz arte. Porque arte é como um amante, uma marca, um símbolo de encontro com o si-mesmo e o manifestado ,e portanto construído deste encontro.
Um desenho, por exemplo, pode ser bom, não porque ele é perfeito ou pleno de técnicas , mas porque nele enxergamos algo verdadeiro, e nisto ele é belo e inexplicável, porque a relação amorosa do objeto e do artista se fundem e interagem neste vir a ser arte, e transmite este algo que é este misto
de amor e ação.
~~
texto e colagem: JU Gioli

26 dezembro 2008

Ceia

By José Saramago



Há muitos anos, nada menos que em 1993, escrevi nos "Cadernos de Lanzarote" umas quantas palavras que fizeram as delícias de alguns teólogos desta parte da Ibéria, especialmente Juan José Tamayo, que desde aí, generosamente, me deu a sua amizade. Foram elas: "Deus é o silêncio do universo, e o homem o grito que dá sentido a esse silêncio". Reconheça-se que a ideia não está mal formulada, com o seu "quantum satis" de poesia, a sua intenção levemente provocadora e o subentendido de que os ateus são muito capazes de aventurar-se pelos escabrosos caminhos da teologia, ainda que a mais elementar. Nestes dias em que se celebra o nascimento do Cristo, outra ideia me acudiu, talvez mais provocadora ainda, direi mesmo que revolucionária, e que em pouquíssimas palavras se enuncia. Ei-las. Se é verdade que Jesus, na última ceia, disse aos discípulos, referindo-se ao pão e ao vinho que estavam sobre a mesa: "Este é o meu corpo, este é o meu sangue", então não será ilegítimo concluir que as inumeráveis ceias, as pantugruélicas comezainas, as empaturradelas homéricas com que milhões e milhões de estômagos têm de haver-se para iludir os perigos de uma congestão fatal, não serão mais que a multitudinária cópia, ao mesmo tempo efectiva e simbólica, da última ceia: os crentes alimentam-se do seu deus, devoram-no, digerem-no, eliminam-no, até ao próximo natal, até à próxima ceia, ao ritual de uma fome material e mística sempre insatisfeita. A ver agora que dizem os teólogos.
~~

20 dezembro 2008

Mensagens

To see a world in a grain of sand
and a heaven in a will
flowers,
Hold infinity in the palm of your hand
and
eternity in an hour.
A robin redbreast in a cage
Puts all heaven in a rage.
William Blake

12 dezembro 2008

Poemas

Pintura

Olho para a parede descascada.
Uma fissura.
Confusão de ruídos na rua.
Olho através dos pensamentos.
Diálogos entre as sombras
Dos espaços brancos.
Nos dedos revolvo a menta,
Rotação rítmica dos secos
Sons das folhas.
No ar gira e explode as
Labaredas do fogão.
Sinto-as.
A dança dos bálsamos
No ar.
Novo dia à frente
Respiro ao vento.
Novas memórias.
Janelas abertas e os meus olhos
Saem.
A luz ainda cinzenta, gris, muito
Leve...
Debruçam-se na atmosfera.
A toalha aberta sobre a mesa.
Vejo as fagulhas dos olhos
As pinceladas das águas na pia.
Líquen cor de anil.
Uma escada que sobe e eu subo
Com elas,
Levando todo o poema pelas
Horas, que bebo do meu chá.


Jugioli

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