@ Dis-cursos






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23 dezembro 2009

Paletas de Cores


 
 
Feliz Natal
para todos os meus amigos
que fizeram do @ dis-cursos
em suas minutas, paletas,
fotos,  collagens, grafites,
 deixando seus comentários,
reflexões e continuidades
deste mundo
virtual.
 
 

21 dezembro 2009

Natal

O Natal se apropria de nós, como um lugar geográfico, onde depositamos nossas emoções e anseios: nossos conhecimentos e fidelidades.

E, como quem já o conhece, sabe descrever suas cores, gosto e sabor. Um lugar que se consuma, e, portanto, parece natural que cada um carregue consigo a sua própria e exclusiva bagagem, por saber interiormente o que nela contêm, ou poderá ser acrescentado.


Como todo lugar imaginário, ele possui um conteúdo, uma medida, de um peso imaterial, não avaliáveis a peso, mas que de alguma forma pesam na decisão de “ gostar” ou “não gostar” deste lugar.


Esse complexo mundo natalino, que nos detêm por alguns dias, e encarnam-se em compras, afazeres, comprimentos.


E, para que serve este bem imaterial que é o natal?
Gostaria de entender. Será que nos faz mais humanos, ou não serve para nada aquele super gasto e preocupação de presentes à ceia, para uma família que se sente apenas “obrigada” a inserir na sua agenda dia tão chato!!!!!
Acredito: - deve servir para alguma coisa, ora à saúde mental, ora a educação das crianças em acreditar neste “papai noel” que traz presentes.
Nossos investimentos passionais estão pendurados nestes gestos simbólicos de temperar a “ceia” e beber o vinho, porque como geografia de um lugar, trata-se de acrescentar sempre, e a cada ano, uma nova particularíssima fantasia, que elegemos como nossa, como um brinde de champanhe às nossas úteis ilusões tecidas ao longo deste tempo.
Faz entender, acredito eu, como a totalidade de nossas experiências, que se estruturam nestes gestos de participação, podem se manter neles como continuidade, deste lado mais humano que há em cada um de nós, acredite-se ou não em natal.

Se o natal mantêm em exercício, antes de tudo, a emoção como patrimônio coletivo, tornando-nos mais humanos e sensíveis, eu acredito neste lugar, onde se cria essa identidade comunitária, e continua a inspirar um “ marketing” próprio, com a cara de nossa modernidade ontologicamente diversa das que nossos pais acreditaram, e da qual estamos dispostos a transgredir e incluir novas idéias.
Construímos esse acesso flutuante da tradição, hospedando nossos sentimentos, de estatutos precisos, de diversas e novas espessuras, mas construímos e estamos espalhando por aí suas sementes.



Feliz Natal!!!!!!

texto: JU Gioli

10 dezembro 2009

07 dezembro 2009

Mínima hiatal

Eu e a minha azia, vivíamos em paz e concórdia; mesmo assim, essa pequena saliência insultuosa ( ver Hérnia de hiato) produzida no esôfago, estava presente, fazia-se sentir todos os dias. Além disso, não me dava sossego com o que eu ingeria. Era manhosa, sedutora das minhas vísceras, produzindo esse líquido ácido, impedindo de eu ir adiante nos meus sabores. Ajeitava-se no seu espaço, dava aos ombros algumas vezes, e assim remexia-se, mas deixava- me em paz.
Estávamos em cumplicidade solitária já há alguns anos, até o dia ( 3.12.09)  de uma “endoscopia”, numa fria sala de exames; farejaram em mim essa conhecida, revelando sua face. Naquela altura, sentia dores e, às vezes, não me deixava dormir.
Percebi, que para o médico, aquela natureza monolítica de uma amizade, não deveria existir. A sua graduação no tema foi a palavra final, na decisão de extrair, subjugar, extirpar, regularizar, e enfim: - operar em laparoscopia.
Quando me desfiz da sensação de ser um peso, deus me livre quase morta sobre a maca, e me transformar novamente num ser humano às voltas com a altura mais favorável do travesseiro, e mesmo separada pelo abismo de uma profunda incompatibilidade metafísica, parada e silenciosa em meu estado catatônico, estava feliz. Percebi que a chuva desta época do ano, continuava intensa e no fervor do verão. Tudo escorrendo pelas vidraças, transmitindo a sensação de veludo macio no sono infindável desta minha felicidade, misturada a dose letal de anestesia para um corpo que cai enfim ao seu leito,e se despede de uma velha amizade.



-Então, amanhã você está de alta.
Foi o som, que o meu especialista graduado, com olhos filosóficos espalhou pelo quarto.
Apenas olhei para ele e dormi novamente, como um anjo.



Os rastros desta “amiga” ficaram na minha pele, cinco furos distribuídos e eqüidistantes na dimensão corpórea, parecendo beliscões bem dados nas minhas vísceras retorcidas, e concordo em dizer que ao ser extirpada, regulada, redimensionada, não deixou atrás de si nenhum jardim das delícias, mas uma ruptura trágica entre a existência e a dor, que deu início a uma longa e fatal discussão do meu novo ser, reiterando à lei da entropia, do como tudo o que existe no espaço- tempo do corpo, acabam por fazer parte dele.
E, assim  vivi, nessa mínima hiatal, uma separação entre a consciência e o corpo em sua futura transformação,  na lição de  experimentar o inevitável: - o  de ter que "desacelerar" (mesmo) para ver a importância do tempo em cada "miléssimo" dos seus segundos.





Hérnia de hiato: profusão do estômago através do orifício pelo qual o esôfago atravessa o diafragma para penetrar na cavidade abdominal. Existi um músculo que se abre para permitir a passagem dos alimentos para o estômago e, então se fecha para impedir que os ácidos estomacais subam para o esôfago. Qualquer alteração pode provocar o refluxo gastroesofágico e, conseqüentemente, azia, o sintoma mais comum da hérnia de hiato.



JU Gioli

05 dezembro 2009

Concepções abstratas


 
 
"A concepção que os homens  têm do mundo e a visão que
pararelamente formam sobre ele, elaboram-se sob o peso
das experiências primitivas.
A arte é a materialização do visível"
 
Rembrandt. Le Philosophe en Méditation,
séc. XVIII.
 
 
 
fotocollagem:  Ju Gioli

01 dezembro 2009

Comunicado I ( Primavera de 2009)

@ Dis-cursos:
Blogar: - é um ato. Como um teatro, para infinitos personagens, com fileiras de poltronas, mas sem ingressos ou paredes.

Uma primorosa sedução praticada por um diretor em cena, não apenas em busca de satisfação mútua ( todos querem elogios) mas também um ato consciente de uma vida solitária de representar suas ideologias.

Toda representação exige troca: publicamos nossas ofertas ( Postagens), para tocar na revelação do nosso próprio espelho. Unidos e limitados por um cordão umbilical do mouse, que define nossa fronteira, pelo número de amigos virtuais desta investida.

Todo blog é um palco. Não somos atores inocentes. Por trás de nossas janelas solitárias, ensaiamos, esperamos, sofremos nossas angústias.

Nosso ser, assim construído compactou-se neste ponto dimensional do virtual. O exterior está exposto neste quadrado surreal, cristais geométricos, entre luzes e asteriscos de sua matemática.

Embebe-se diante dos meus olhos uma anarquia ontológica: o que sou diante deste palco? Um contínuo espaço/luz das minhas imagens. Eu fiz sua arquitetura, eu coloquei um véu, onde coloco as luzes e as sombras?

Estou seduzida por essa construção. Somos seduzidos pelas entrelinhas satânicas & nebulosas destas possibilidades. Somos seres curiosos e erotizados pelas imagens.



Este ser “virtual” tornou-se algo, nasceu de uma identidade assim construída; um pedaço de si desmembrado, sugerindo um outro nascimento, duplicou-se – agora, ele é outro, no reino de sua formação, multiplicou-se de possibilidades neste mundo impresso. Uma alma diversa, com um código “genético” de senhas e perfis, que se alastram, contaminado pelo vírus, entrou num jardim das delícias – ele criou o seu reino, seus seguidores, uma rede outsiders.



Porquê Blogar ? – porque funciona. Funciona e seduz este ser outro – neste modo de ver, corre um elixir secreto- uma busca de ouvintes desfilam por suas epifanias particulares, porque capturamos presenças, e quando acordamos , estamos satisfeito, criou-se um  público.



Blogs – é um espaço híbrido, que exige muitos tons e ambos envolvem o “ser humano”, esse ser misterioso, anarquista, mágico, que sabe revelar e ou guardar, que passa adiante suas utopias, por um segundo de eternidade, afinal todo palco tem cortinas que revelam suas cores, ou escondem seus defeitos... essa é a sua dialética. E, todos participamos desta colonização em massa, contribuindo para uma nova bloganville.


texto:   JU Gioli





Inspirações




Poesia concreta e abstrata: recortes
do imaginário


fotocolagem:
JU Gioli

@@@@@@ Blogs



Anotações diárias