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25 maio 2009

Vida liquída



Sempre e quase sempre
É preciso certa lucidez
Para enfrentar a loucura, e mandar da teoria a prática todos os demônios. Esse entusiasmo arbitrário de criar saídas.
A idéia. A idéia é sempre a mesma: pôr os pés pelas mãos, e desatar por aí, todos os
Nós.
Varrer o pó acumulado, e seguir.
Sempre e quase sempre onde dúbios são os movimentos, levitando na liquidez dos pensamentos.
Esta malha incerta que se faz de desejos.
Uma razão das sem razões que temos.
Planos submersos e antropofágicos que nos devoram.
A vida ao alto, fixa entrelinhas num espaço sem tempo, onde
Tudo escorre pelas mãos, mas estamos sempre querendo deter.

JU gioli





20 maio 2009

Por que Cantamos ?

.
"Por que cantamos
Si cada hora viene con su muerte
si el tiempo es una cueva de ladrones
los aires ya no son los buenos aires
la vida es nada más que un blanco móvil
Usted preguntará por qué cantamos
Si nuestros bravos quedan sin abrazo
la patria se nos muere de tristeza
y ele corazón del hombre se hace añicos
antes aún que explode la verguenza
Usted preguntará por qué cantamos
Si estamos lejos como un horizonte
si allá quedaran árbores y cielo
si cada despertar un desencuentro
Usted preguntará por qué cantamos
Cantamos porque el rio está sonado
y cuando suena el rio / suena el rio
cantamos porque el cruel no tiene
nombre
y en cambio tiene nombre su
destino."
.
Mario Benedetti: poeta, escritor e ensaísta Uruguaio
(Paso de los toros, 14 de setembro de 1920,
Montevidéu, 17 de maio de 2009).
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foto: JU Gioli

17 maio 2009

Viagem



Queridos viajantes do Tertúlia, não consequi ir para as
ilhas, e por questões climáticas, fiquei
presa nas Cordilheiras dos Andes,
regressando hoje com a bagagem
cheia de novidades.
JU Gioli

06 maio 2009

04 maio 2009

Testamento

~
Por: Maria-Helena Vieira da Silva




Um azul cerúleo para voar alto.
Um azul cobalto para a felicidade.
Um azul ultramarino para estimular o espírito.
Um vermelhão para o sangue circular alegremente.
Um verde musgo para apaziguar os nervos.
Um amarelo ouro: riqueza.
Um violeta cobalto para o sonho.
Um garança para deixar ouvir o violoncelo.
Um amarelo barife: ficção científica e brilho; resplendor.
Um ocre amarelo para aceitar a terra.
Um verde veronese para a memória da primavera.
Um anil para poder afinar o espírito com a tempestade.
Um laranja para exercitar a visão de um limoeiro ao longe.
Um amarelo limão para o encanto.
Um branco puro: pureza.
Terra de siena natural: a transmutação do ouro.
Um preto sumptuoso para ver Ticiano.
Um terra de sombra natural para aceitar melhor A melancolia negra.
Um terra de siena queimada para o sentimento De duração.



Maria-Helena Vieira da Silva(1908-1992)











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02 maio 2009

Outono

Outono

Destes que inundam de claridade todas as coisas. E, começa o dia com a beleza da manhã sobre a janela, felizes em recuperar a luminosidade misteriosa desta estação, derramando-se pelas ruas sem cerimônias: os vermelhos e ocres de infinitas misturas. Cores, muitas cores : - deslumbrando todos os contornos misteriosos dos telhados, das paredes, descendo pelas ruas e calçadas, acoplando-se nos topos das árvores, fazendo do dia um cenário de cartão postal, destes que compramos em outros lugares quando viajamos.

Beleza de outono. Tornando nítido o que no verão não temos tempo de ver, por ser talvez uma pausa das chuvas, do tempo úmido e, sempre nublado, deste nosso confuso clima tropical.
Eu adoro toda essa claridade , é como uma vitrine de teatro, onde as luzes estão bem equilibradas, ampliando o espaço do céu, revertendo uma temperatura mais agradável. E, para brindar esse dia de outono, ouço Beethoven, um adágio deslumbrante para violino, que combinou perfeitamente com todos esses dourados explícitos no ar.
Não poderia ser melhor: adágio allegretto, dando forma sensual as linhas do entardecer com esta cor de açafrão.
Lentamente, fui saboreando... como quem saboreia na paleta, meu abstrato gosto de outono.
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texto e foto: Ju Gioli
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